domingo, 23 de janeiro de 2011

Torta-suflê de milho com recheio de abobrinha

Uma das coisas que mais me incomoda em receitas é a palavra "despreze". Tipo, "descasque a berinjela e despreze a casca" ou "retire a semente do tomate e despreze". Toda vez eu fico pensando: que mal há na semente e na pele do tomate?!?! Talvez algum gourmet possa me explicar... mas como eu sou apenas uma reles mortal, me dou ao "luxo" de usar meus tomates inteiros, de não descascar a berinjela etc etc etc...

Quando a gente joga uma coisa fora não está jogando apenas a coisa, mas toda a energia que foi gasta para produzi-la, a terra que foi desmatada para a coisa ser plantada, os adubos, os (infelizmente) agrotóxicos que foram usados, todos os impactos disso, o transporte do produtor ao distribuidor, do distribuidor ao supermercado, do supermercado até a nossa casa, a água que usamos pra lavar, o trabalho que tivemos para fazer (caso estejamos jogando fora uma comida pronta). Enfim, parece papo de eco-chato, mas são fatos!

Tudo isso para dizer que eu resolvi fazer uma sopa cremosa de milho, receita da La Cucinetta, que, aliás, se preocupa com isso também! Mas... na receita manda bater o milho, alho, azeite no liquidificador, coar e jogar o que ficou na peneira fora. Eu até ia fazer isso, porque com a minha mania de aproveitar tudo acabei estragando algumas receitas, mas na hora eu não me conformei de jogar aquilo tudo fora. Resolvi guardar num pote e congelar.

E usei para fazer essa receita, que era pra ser uma torta, mas que ficou tão cremosa como um suflê:

Para o recheio usei meia abobrinha ralada, um quarto de cebola e meio tomate picadinhos. Juntei um punhado de uvas passas e temperei com gersal (sal + gergelim) e mais um pouco de sal.
 
Para a massa, bati no liquidificador aproximadamente uma xícara e meia da sobra da sopa de milho (que bem poderia ser o milho inteiro, pra quem não pretende fazer a sopa), uma xícara e meia de farinha de trigo branca, um ovo caipira grande, uma xícara de café de azeite, aproximadamente uma xícara de soro de leite (sobra da coalhada de sempre, mas que também pode ser substituído pelo próprio leite) e duas colheres de sobremesa de fermento químico - esse é o tamanho da colher que entra no potinho!!! Na massa eu não coloquei sal, mas achei que faltou.


Por fim, untei a forma com azeite, despejei uma parte da massa, o recheio e o resto da massa por cima, salpiquei com gergelim preto, que apesar de eu usar em tudo não acaba nunca! Assei em forno médio, pré-aquecido, por aproximadamente 40 minutos. E não deu pra sentir nenhuma casquinha de milho! ;-)

Um comentário:

  1. Também não gosto de desprezar nada, seja lá o que for. Mas esta sua análise de energia desprezada por agregação, foi brilhante! E a receita também. Muitos bjs, da Tia(orgulhosa sem corujice)

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